sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sou um estranho interior

"Penso que escritores são uma espécie estranhamente peculiar de seres humanos. Não quero segregar ao dizer isto, mas de fato, as pessoas possuem diferentes olhares sobre a vida. Nós olhamos tudo por mais tempo. Deve haver alguma característica cerebral em comum entre nós. Aguardo a pesquisa.
Existem aqueles que preferem não pensar muito e seguir em frente sem muitas emoções e aqueles que, mesmo sofrendo com as emoções, não vivem sem elas.
Estes últimos somos nós.
Escritores vivem intensamente, entram facilmente em depressão, mas também sabem sentir uma boa energia em coisas simples. São espontâneos.
São aqueles que pensam demais, que param demais, que demoram. Aqueles que fazem drama de tudo que acontece, que tiram lições românticas de qualquer situação...

Somos aqueles que gostamos de repetir hábitos como uma xícara de café e um livro sob a baixa luz de uma tarde chuvosa. Aliás, somos aqueles que gostam mais de chuva do que sol. Somos aqueles que se sentem deslocados e aqueles que apreciam ficar sozinhos por um tempo. 
Somos psicólogos sociais e sabemos descrever as pessoas sem um porquê empírico. Somos intuitivos e julgamos. Mas nesse momento, entendemos que julgamos e começamos a nos julgar como possivelmente errados por termos julgado. Então nos acusamos e fazemos a arte disso.
Nossa arte, através de nossos julgamentos internos por termos julgado algo ou alguém nos traz um sábio Estranho interior que nos ensina a refletir com "um olhar de fora".
E seu ensinamento se passa em escrita quando deixamos esse tal Estranho falar. Essa escrita revela nossos conflitos internos, onde somos capazes de enxergar as situações por diferentes ângulos. Ao ler nosso desabafo, podemos nos enxergar por fora e julgar o que se passa dentro de nossas mentes. O caderno é um espelho. Muita gente olha, mas não vê."
Um Estranho interior.


Texto de autoria minha.

Encontrem-me nos sites O Segredo e Obvious, para coisas sobre a vida e no Feedback Magazine para discutir questões atuais do mundo.

http://thesecret.tv.br/2015/11/carta-a-mim-mesma/

http://obviousmag.org/meu_caderno_e_meu_espelho/autor/

http://www.feedbackmag.com.br/o-fim-da-hibernacao-russa/

Para acadêmicos, me encontrem no Boletim Geocorrente da Escola de Guerra Naval.

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quinta-feira, 12 de março de 2015

crise dos 24 anos...

Sobre ter 24 anos.
24 anos talvez seja a idade em que começamos a tomar consciência de que a vida adulta realmente começou.
Paramos de sonhar com realidades e passamos a viver realidades.
O sonho de ser diplomata cai na realidade da dificuldade de ser realmente um diplomata. Passamos a pensar em dinheiro de forma diferente. Passamos a enxergar que para alcançarmos a qualidade de vida que temos sob o teto de nossos pais através do nosso trabalho, levará anos e muito desaforo engolido à seco.
Pensamos nisso porque passamos a viver o mercado de trabalho e então, podemos sentir na pele que o que antes era sonho se tornou realidade e que a realidade é mais amarga que o doce sonho. Percebemos que nem todo emprego será como imaginávamos e que existe muita gente disposta a te fazer mal no mesmo escritório que você está. Pessoas frustradas, pessoas angustiadas, estressadas, infelizes. Mas também, pessoas do bem, que te ajudarão a levantar depois daquele assédio moral que iniciante vive.
Passamos então a questionar porquê o mundo tem que ser assim.
Por quê vivemos em um mundo de ego, de inveja, de maldades e de interesses?
Quando foi que a sua realidade se transformou nisso tudo?
Todos pareciam tão legais na época da escola. Desde quando todo mundo passou a ser mau humorado e infeliz?
Na realidade, todos tentam se mostrar felizes e realizados, mas a forma como trabalham denuncia suas infelicidades particulares.
Não sei se todos aos 24 anos passam a enxergar o mundo dessa forma. Alguns podem tomar este choque de realidade antes, outros depois e outros, nunca!
Os que nunca tomarão são aqueles que nunca conseguirão encarar o mundo sozinhos. São aqueles que trocam o teto de seus pais pelo teto de outras pessoas, através de casamentos que continuarão a dar boas condições de vida iguais as que se tinha antes, talvez até melhores. Não estou dizendo que estas pessoas não amadureçam, mas que não conseguem se sustentar sozinhas, não conseguem se emancipar no sentido literal da linguagem.
A realidade de quem bota o pé pra fora de casa para trabalhar é muito diferente de quem fica, por mais trabalho que essa pessoa possa ter em casa.
Viver em casa, te dá possibilidades de flexibilidade. Trabalhar fora e encarar a selvageria do mundo não. É muito difícil ser xingado por fazer coisas erradas, mas no atual mercado de trabalho, estar certo ou errado não faz a menor diferença para quem está acima de você. Se a pessoa estiver errada, irá dizer que você que entendeu errado e que fez errado. Se o corrigir, será escrachado por questionar a autoridade.
Se abaixar sempre as orelhas, será submisso e infeliz.
Se disser o que pensa, será demitido.
O mundo empresarial está um verdadeiro caos e, muitos de nós, como eu, não aceitam esse jogo de interesses e de hierarquia como algo normal.
Aceitaremos por necessidade de dinheiro talvez, mas nunca seremos felizes por não concordarmos com esse tipo de atitude.
Nossa geração, dos anos 90 para cá, vive à espera de que sejam descobertos por algum talento nato e que o mundo ainda não descobriu isso.
Vivemos achando que somos mais importantes do que, na realidade somos.
Somos a geração do ego. A geração do facebook, onde nos vendemos feito propagandas ansiosas para serem compradas.
Quando percebemos que não somos melhores que ninguém e que não temos um talento a ser descoberto como acontece com os pobrezinhos em filmes, o choque se torna realidade.
Passamos a pensar em como entraremos no mercado de trabalho, em como conseguiremos o cargo ou o nível que sempre sonhamos.
Passamos a nos comparar com outras pessoas e percebemos que outras pessoas pensam como nós e que não somos uma espécie rara que tem algo especial para apresentar para o mundo.
A frase que nos sintetiza é: aceite que você não é melhor do que ninguém.
Vista-se de humildade e respeite a todos.
Saiba que cada um tem um motivo para ser do jeito que é. Cada um passa  por coisas na vida que nós não sabemos e por isso, não somos capazes de julgar. Por isso, respeite a todos.
Ao nos vermos como adultos, passamos a enxergar defeitos em nós mesmos que antes não enxergávamos e, na verdade, até repugnávamos nos outros.
Passamos a enxergar que temos inveja de quem consegue coisas antes da gente, inveja de quem é feliz, inveja de quem trabalha com o que gosta. Passamos a enxergar maldade em nós. Passamos a desejar o mal à pessoas que nos fizeram mal, pelo menos no sentido de que JUSTIÇA SEJA FEITA...
E, por outro lado, passamos a realmente tentar sermos pessoas melhores e mais fortes do que esses sentimentos primitivos humanos, embora naturais de nossa raça.
Ao nos vermos como adultos, passamos a saber a hora de calar a boca e de ouvir o que o outro tem a dizer.
Passamos a ter vergonha de dizermos certas verdades que, na verdade, nem sabemos se são verdades. Passamos a procurar ter certeza do que estamos dizendo e passamos e nos interessar por jornais.
Passamos a querer ter uma opinião formada para que sejamos, no mínimo, bem aceitos no mercado de trabalho.
Passamos a questionar tudo o que esperávamos para nossas vidas e a aceitar que, talvez não sejamos gênios ou prodígios, pois nossa fase está passando.
O mundo não se surpreenderá mais com nossos talentos. Nossos talentos serão o mínimo que poderíamos fazer aos 24 anos e, nem são talentos assim.
Passamos a perceber que discussões na internet não levam à nada e que ninguém está interessado no que você pensa. Ao menos quem quer sair com você.
Mas o mundo, o mundo...
Ninguém te conhece!
Sua opinião infundada sobre as coisas não importa!
Por isso, buscamos nos especializar em algum assunto realmente sério pois assim seremos, de fato, reconhecidos e respeitados.
Falar mal de política? Diga-me uma pessoa que tenha sido original na sua timeline.
Se sentir o dono da verdade postando exemplos de bons modos também não vai te fazer ser lembrado.
Passamos então, a nos colocarmos no nosso lugar de cidadãos comuns e a buscar o que realmente importa nas nossas carreiras.
E depois, enxergamos adolescentes indo para o mesmo caminhos que nós fomos e rimos ao ver um menino de 13 anos de mãos dadas com uma menina igualmente de treze anos e muito mais alta.
Rimos de garotos que andam cheios de marra, como se fossem muito importantes e geniais ao pensar que passarão pelo mesmo que estamos passando hoje e rimos de quanto isso é natural.
Talvez isso seja o primeiro sinal de maturidade e sabedoria.
Nosso estrelato não será tão fácil assim e muito suor será escorrido até que  consigamos nosso lugar ao sol.
E a luta continua até que eu esteja rindo disso quando tiver 40 anos...

curtir, j'aime, like...

Resumo: O poder que damos às redes sociais é o mesmo poder que elas têm sobre nossas vidas. Saibamos quando e como utilizá-las para que maiores problemas pessoais não sejam criados de forma desnecessárias em nossas vidas. Aproveitemos o tempo junto com amigos sem sair de casa, a torcida pelo jogo sem ir ao estádio, mas tenhamos consciência de que somos seres diferentes acima de tudo.



Com tantas coisas por fazer, acordamos e a primeira coisa que fazemos é pegar o celular e procurar por novidades. Principalmente nas redes sociais. É fácil, nos tira da cama sem termos que nos levantar de verdade. E o tempo se perde como em um vortex onde é impossível explicar como 40 minutos se passaram se acordamos há 2 minutos. Afinal, por quê damos atenção para coisas que não vão mudar em nada nosso dia?
A busca pelo pertencimento a um grupo, pela identificação com outras pessoas, nos faz aguardar ansiosamente por curtidas, likes e “J`aimes”. Compartilhamos fotos em troca de algum reconhecimento alheio por nossas rotinas, geralmente sem graça e, no intuito de sermos curtidos, até que muitas vezes optamos por fazer algo diferente, como uma refeição mais saudável ou uma comida japonesa. Reproduzimos aquilo que está na moda para compartilharmos: Viagens à Europa, ajuda humanitária, academia, conquistas pessoais, comidas exóticas, comidas saudáveis, amanhecer e pôr do sol no Arpoador.
Por quê não compartilhamos nossos copos de leite de manhã? Simplesmente porque queremos encontrar um pertencimento a um grupo. E esse grupo tem que ser especial. Ninguém quer fazer parte do grupo que bebe leite. Aliás, esse grupo nem existe. Mas mostrar que batalhamos por acordar cedo e malharmos pesado, nos coloca em um grupo seleto de pessoas saudáveis. Não é difícil ficar em casa vendo televisão. Por isso acho que nunca compartilhamos uma foto deitados no sofá em casa vendo televisão. Isso não nos faz especiais. Desde pequenos, fazer parte de um grupo nos tornava especiais. Alguns faziam até um teste para nos admitir ou não no grupo. No filme, “Os batutinhas”, conseguimos ver isso com clareza e com boas risadas.
Queremos fazer parte do grupo que aguenta comer peixe cru e que ama isso de verdade, do grupo dos que trabalham de madrugada, do grupo dos que não estudam e tiram nota boa, do grupo que vai no outback, do grupo que é flamenguista, vascaíno, botafoguense ou tricolor, do grupo da Dilma ou do Aécio, da esquerda ou da direita e o mais legal: do grupo que aguenta a dor da tatuagem. Quanto maior, melhor!
 Na verdade, a cada coisa que compartilhamos, buscamos a identificação com outras pessoas e estas, nos fazem nos setirmos pertencidos e aprovados pela sociedade. Por isso que ficamos felizes com muitos likes, curtidas e “J`aimes”, aliás, usar o Facebook em outra língua, já faz de mim uma pessoa especial, não? Por isso me refiro às curtidas em três línguas. Isso não é legal?
A busca incesante por likes ou pela aprovação do mundo não faz de nós, nós mesmos. Muitas vezes recorremos a fotos de frases feitas com o uso de imagens associadas à comédia, como o Chapolin Sincero ou Clarice de TPM, páginas de grande número de curtidas, para nos expressarmos sem sermos julgados por nossas opiniões grosseiras e mau humoradas. Jogamos a indireta, fazemos a piada e a culpa não foi nossa. Passamos então, a pertencer ao grupo daqueles que acharam graça da foto irônica. Quanto mais nos sentimos identificados com outras pessoas, mais utilizamos a rede social e, aqueles que não se identificam com os grupos já estabelecidos, precisam publicar que estarão se ausentando da rede, em um último suspiro à espera de aprovação por algum grupo, nem que seja o grupo dos insatisfeitos com a rede social. Isso é triste. Desperdiçamos tanto tempo de nossas vidas tentando nos sentir acolhidos e, quando não conseguimos nos encaixar aos grupos propostos pela própria sociedade nas redes sociais, nos isolamos daquilo que está presente na vida de todos ao nosso redor, todos os dias.
Não entendermos alguma piada que ficou famosa na internet ontem, não ficarmos por dentro da fofoca que explodiu semana passada e que, hoje, todos opinam sem parar, da foto da Paola Oliveira, nos deixa mais isolados ainda e, tentamos voltar silenciosamente à rede sem anunciar: Ei! Me arrependi e voltei! Oláá? Isso não nos torna especiais.
Engraçado como nos tornamos crianças vulneráveis novamente... Talvez estejamos todos sendo vítimas de problemas psicológicos da nova geração. Estamos compartilhando nossas vidas com firma reconhecida praticamente, para que todos saibam onde estivemos e para onde vamos. E ninguém nos pede isso. Damos informações a nosso respeito de graça e facilitamos o trabalho de quem quer saber de nossas vidas. Se daqui a alguns anos quisermos mudar de opinião, nosso perfil na rede social comprova que já pensamos diferente. Se casarmos com outras pessoas, teremos que apagar nosso passado em fotos e mensagens, para evitar problemas de comparações desnecessárias. Se estivermos nos candidatando a um emprego, aquele xingamento ao outro time ontem, sem nenhum resquício de educação, poderá estar sendo observado pela equipe avaliadora para tentar entender nosso perfil psicológico antes de nos contratar. Nos colocamos em prateleiras à venda por aprovação ou desaprovação e nem percebemos o impacto que isso pode ter em nossas vidas.
Queiramos, então, nos esforçar para pertencermos ao grupo de pessoas sãs, que não se importam se recebem poucas ou muitas curtidas, que não se importam em ficarem tristes de vez em quando, que perdem empregos e oportunidades, e que entendem que isso é perfeitamente natural do ser humano. Que ficam em casa o dia todo com preguiça e sem a necessidade de mostrar que fizeram algo grandioso e espetacular naquele dia. E que não ficam tirando selfies em qualquer lugar que vão, somente para se sentirem pertencentes ao grupo que chama auto-retrato de selfie. Tentemos ser pessoas que não dependem tanto da aprovação de todos (o que é impossível) e busquemos as realizações que importam para nós mesmos e não para o mundo. Busquemos de volta nossas particularidades, pois são elas que nos tornam especiais de verdade, e tiremos mais tempo para refletirmos sobre nós mesmos ao invés de ficarmos comparando nossas vidas com as vidas de outras pessoas, que possuem características tão diferentes das nossas, que não faz sentido querermos ser parecidos com elas. Exercitemos nossa auto-estima para que não dependamos tanto da opinião dos outros e voltemos a ser especiais porque somos nós mesmos. Eu sou especial porque me sinto realmente feliz em casa, sem sair à noite para boates e sem beber. Sou especial porque gosto de frio e um bom café debaixo da coberta, vendo filmes. Sou especial porque tenho preguiça de pegar ônibus para sair de casa com calor. Sou especial porque não ligo para carnaval e porque vou ao cinema sozinha. E na minha forma de ser especial, volto a pertencer a grupos de pessoas parecidas comigo e passo a receber a aprovação delas. De forma natural e espontânea e sem precisar mostrar ao mundo que isso tudo é especial.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Talento, criatividade, desperdício de tempo?

Venho tendo alguns problemas quanto aos pensamentos sobre futuro.
Difícil entender se estes pensamentos apreensivos são normais ou se são fruto de algo que ainda estou conhecendo.
Antigamente, nossos pais começavam a trabalhar muito cedo e antes dos 30 anos já tinham casa, emprego, carro e filhos na escola. E olha que diziam que antigamente não tinham tantas oportunidades, o salário era menor e tudo mais.
Hoje, para conseguirmos dinheiro para comprar um carro, já temos quase 30 anos.
Casa então, deve ser lá pelos 50 anos.
Será que a proporção de preços está certa?
Será, realmente, que uma casa de 50 mil reais há vinte anos equivale aos nossos preços milionários de hoje?
Eu acredito que, se havia menos população, a corrida pela busca de um imóvel era menor.
A briga por vagas nas universidades era menor.
Hoje viramos máquinas de trabalhar. Máquinas de estudar.
Máquinas.
Temos que nos destacar, ser bonitos, bem vestidos, limpos mesmo no calor de 50 graus, estudiosos, inteligentes, trabalhadores, ricos e, se puder, 100% do tempo felizes.
Somos tratados como aberrações se ficamos mais de uma semana pensativos, retraídos e queremos ficar sozinhos.
Até onde iremos conseguir lotar nossas agendas?
É certo que temos que nos destacar, mas será que o mundo tem capacidade de absorver tantos gênios?
Será que todos nós temos talentos ainda não descobertos?
Será que todos nós temos um lugar ao sol???
É isso que buscamos todos os dias...
Mas nem tudo são rosas.
Existem oportunidades que ganhamos e outras que perdemos. Umas perdemos sem esperanças e outras deixamos escapar pelos dedos. Essas são as que doem mais.
Esse mundo que nos obriga a vencer e sorrir o tempo todo, não nos prepara para perdermos.
Este ano já perdi duas tentativas de tentar ser monitora.
Minha primeira frase sobre isso foi: "Já tenho duas derrotas para carregar nos ombros esse ano."
Meu namorado me disse: "Você precisa ver por este lado obscuro esta situação?"
E aí que eu parei para pensar no peso que eu me imponho.
Ninguém me disse para eu enxergar o mundo deste jeito.
Mas acabei me tornando fruto desta pressão.
Me impus tantas coisas para fazer que deixei de ter tempo para as atividades prazerosas, como estar escrevendo aqui, por exemplo.
Após um ano neste ciclo, parece que perdemos o contato com o mundo normal.
Parece que vivemos para trabalhar, estudar e trabalhar. E entramos num labirinto onde buscamos sempre uma grande saída para nosso lugar ao sol, que nos tornamos obcecados e não sobra mais tempo para nos permitirmos ver televisão. Sim! Televisão desestressa. É algo banal que te faz parar de pensar um pouco em coisas sérias da vida. É um portal onde podemos ver as ruas frias da Europa com que tanto sonhamos conhecer um dia.
E por quê não nos deixarmos fazer o que gostamos?
Cheguei a uma conclusão esta semana de que o tempo que disponibilizamos para nosso lazer é mais importante do que se costuma pensar por aí.
Normalmente, aquele que fica em casa o dia todo, é mal visto pelo mundo.
Eu aprendi a pensar que essas pessoas podem se dar melhor na vida do que nós, loucos.
Pense naquele menino que ficava no quarto tocando guitarra o dia todo.
A família inteira reclamaria, dizendo que ele teria que estudar e tudo mais... Aquele papo que estamos cansados de saber.
Já pensaram que muitos de nós, voltados para o estudo porque aprendemos a sermos obedientes aos nossos pais e ao mundo, nunca na vida fizemos algo com tanta vontade como este menino que passava horas do dia tocando em seu quarto?
Quero dizer que, ao tentarmos seguir o caminho que todos seguem, de terminar bem a escola, ingressar para uma boa universidade e blá blá blá, a fórmula mágica para o sucesso, deixamos de pensar em quem nós realmente somos.
Quem somos nós?
O que gostamos de fazer?
Sinceramente, não gostamos de trabalhar em frente a um computador o dia todo, certo?
Computador sempre serviu em nossa adolescência para conversar com amigos e jogarmos, mas basta começarmos a ler um pequeno texto sério e o primeiro bocejo aparece.
Ou seja, computador é um brinquedinho muito útil e bom, mas não queiram trabalhar 8 horas por dia olhando para ele.
O munda continua girando e não vemos os dias passarem porque estamos fechados dentro de escritórios trabalhando em frente a algo virtual.
Estudamos tanto para isso?!
Será que se eu tivesse feito aquilo que mexia de verdade comigo, se eu tivesse me deixado ser xingada pelos meus pais, será que hoje eu não teria um brilho diferente no olhar?
Quem faz o que gosta é feliz. Com ou sem dinheiro.
O que não dá é entrarmos neste ciclo doido em busca de um lugar ao sol, seguindo uma fórmula mágica que não serve para todos.
Somos todos diferentes. E por quê raios essa fórmula teria de servir a todos se nem nossas roupas são iguais?
Mercado.
O mercado nos faz isso.
Aqueles que não conseguem determinado cargo, se contentam com outro e por aí vai, é assim que temos aquelas pessoas que fazem aquilo que ninguém quer fazer.
Eu me rebelo.
Se ano passado eu busquei a fórmula mágica e tudo o que consegui, além de experiência, foi uma necessidade de buscar um psicólogo para entender minha amargura perante ao mundo, este ano eu farei aquilo que amo.
Eu o conhecimento, mas quero que ele venha de lazer.
Não vou me obrigar a ler um texto nem mais um dia.
Vou ler aquilo que me interessa, pois, vejo gente sabendo muito mais de assuntos que eu gostaria de saber, sem "ter que ler sobre isso".
Elas sabem porque vibram com isso, se interessam, ficam lendo em casa, de madrugada.
E eu, que fico feito um robô aqui tentando ser boa em 15 coisas diferentes, acabei tornando tudo em minha vida numa obrigação.
Sair de casa para fazer qualquer coisa, se tornou obrigação.
Por quê?
Porque eu me cansei tanto, em busca de resultados rápidos e, claro, não vieram tão rápido quanto eu esperava, que tudo o que eu mais quero é ficar em casa.
Quero meses em casa.
Meses onde eu possa agir com naturalidade de novo.
Onde eu volte a sentir vontade de verdade de sair de casa, de rir de bobeiras com meus amigos.
Onde eu volte a explorar minha criatividade, enlaçada pelas obrigações do trabalho.
Não que não se possa exercer a criatividade em atividades rotineiras, mas é diferente você fazer algo só seu.
E não uma adaptação da invenção dos outros ao seu modo de ver o mundo.
Nossos pais nos criam para sermos bons trabalhadores, mas não bons seres humanos.
Ninguém nunca veio conversar comigo sobre as fraquezas que eu viria a sentir na vida, sobre os problemas que eu viria a enfrentar nas questões profissionais.
Hoje acho que estou passando a entender um pouco melhor essas coisas...
Estamos aprendendo.
Uma coisa é certa: não tem como fazermos tudo direitinho sem sentirmos o peso do stress no corroendo.
Trabalho deveria ser 8 horas por dia, assim como 8 horas de lazer e 8 horas de sono. Mas acaba que temos 16 horas de trabalho, porque temos de levar as preocupações e metas para o dia seguinte para nossas casas e ficamos com 4 horas de sono e 4 horas para irmos ao médico, fazermos uma comida...
Por isso nos submetemos a comermos mal, na rua, com fast foods...
E queremos comidas fortes...
Quem trabalha o dia todo e espera uma salada fria no fim do dia?
Complicado...
Não concordo muito bem com isso.
Portanto, este ano, trabalharei, mas serei também, em algumas horas do dia, o menino do quarto.
Serei sim, porque se eu não explorar meus interesses nessa vida, não farei em outra.
É esse "tipo" de gente que eu tenho visto serem as que mais se desenvolvem na vida pessoal e profissional. Trabalham por prazer porque buscam nos trabalhos aquilo que tem a ver com seus gostos.
Agora, aquele adolescente que tentou seguir a fórmula mágica do sucesso, nem consegue o sucesso e nem sabe quais são seus maiores interesses, porque alguém os disse um dia que andar de skate era coisa de vagabundo, que música não daria em nada e que sonhar não matava a fome.
Eu defendo o desenvolvimento dos talentos.
Meus filhos não serão robôs do mercado.
Serão pessoas mais simples do que eu no quesito emocional porque farão aquilo que lhes deixam tranquilos e disso tirarão seus frutos.
Certo amigo gostava de fazer bolões de futebol. De tanto escrever sobre isso e sobre a criminalização ou não desses bolões, hoje ele é parte da redação de vários jornais...
Eu quis sempre ser escritora, mas em busca da fórmula mágica, cá estou no anonimato, porque nunca dediquei tempo a isso de verdade, porque não "daria um futuro seguro".
E continuo a busca pelo lugar ao sol...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Postura agressiva na internet

O perfil crítico das pessoas na internet não precisa ser tão agressivo.
Esta semana, Mark Zuckerberg, o dono do facebook, disse estar desapontado com os brasileiros no facebook. "Se por um lado, os brasileiros fazem o facebook crescer, por outro, estragam tudo."
Não que eu ache que isso valha para todos os brasileiros, mas é muito diferente o comportamento de pessoas de outros países e o de brasileiros.
Certa vez meu pai deixou uma crítica num post estrangeiro sobre ele não gostar da Yoko Ono, ex mulher do falecido John Lennon. Ele escreveu que ele achava que ela seria um dos motivos para o fim dos Beatles e responderam: You might be crazy. Ele respondeu: Just my opinion. E outras pessoas comentaram: "That man can`t understand" ou coisas desse tipo.
Ninguém o xingou no primeiro comentário.
No Brasil, percebo, ainda que sem palavrões, uma postura muito agressiva. É como que uma luta para ver quem "aparece" mais ou quem vence o debate através do método "esculacho".
Por quê isso tudo?
Seriam os brasileiros um povo que é mais nervoso, ou que gosta de mostrar que pode dar a palavra final? Um povo que sempre quer estar com a razão? E da forma mais arrogante possível?
Outra vez fui eu, inocentemente comentar do shorte "mostra a poupinha" em meu facebook...

Por quê?!

As pessoas vieram com comentários super agressivos, enquanto eu apenas dizia que eu não era obrigada a me sentir bem vendo aquilo. Vendo crianças achando cada vez mais normal andarem quase nuas. Pode até ser o certo, mas eu, infelizmente, ouço o oposto há 24 anos.
Hoje em dia, somos obrigados a aceitar e a pensar como a maioria à nossa volta pensa. Não posso nem ser mais um fruto de uma sociedade que me criou para achar estranho ver "nudez" em público.
Na Escócia, mulheres foram indiciadas a não amamentar em público. Por quê seria? Porque é um pensamento conservador que está em nossa sociedade. Contando que eu tenha parado para refletir sobre isso há poucos anos, posso até concordar que todas as pessoas devem fazer o que quiserem, se vestir como quiserem, mas não posso passar a ver as coisas de forma diferente de um dia para o outro. Por quê que andar pelado é um crime? Porque a sociedade considera algo de errado nisso. Então seriam essas mesmas pessoas que aceitam que andar pelado é atentado ao pudor, as pessoas que defendem a super liberdade do corpo, a sua alta exposição, até em crianças? Qual o limite entre decência e liberdade?

O que eu quero com esse post aqui não é defender ou não o shortinho, afinal, o mesmo direito que uns têm de gostar, eu tenho de me incomodar. Eu não quero me meter na forma com alguém se veste ou deixa de se vestir, mas eu ainda acho esquisito ver um bumbum na rua. Precisarei me acostumar.
Ponto.

Enfim, quando chamei as pessoas para um debate, não quiseram.
Xingar, quiseram. E sem nenhuma desculpa.
As mesmas pessoas que me xingaram, fugiram quando eu as chamei para debatermos a ideia.
Querem apenas impor seus pontos de vista e virar as costas como aqueles que falaram, fizeram bonito por  maltratar alguém e dane-se.
Não sei quem estimulou essa postura agressiva que tantos acham tão bonito, mas penso que isso pode ser fruto da mesma sociedade que me faz achar estranho um shortinho quase inexistente.
Todos preferiram ser arrogantes gratuitamente, mas quando se vestem para ir trabalhar, não usam o tal shortinho. Cadê a tal luta pela liberdade de se vestir como quiserem? É claro, ninguém vai querer perder um emprego por causa disso, mas assim... Aceitam regras de se vestir por um lado e me criticam de outro por eu achar estranho um bumbum de fora?

Quando lhes perguntei: E se fosse sua mãe? Me responderam: Po, mas mãe é mãe.
Então defendem a liberdade da forma de se vestir para umas e para outras, não?

Entendem que o problema não é o shortinho, mas sim, a falta de reflexão de cada um?
A falta de reflexão gera esses comportamentos agressivos nas redes sociais.
O impulso nada mais é do que um reflexo da falta de certeza de uma pessoa.
A agressividade se esconde atrás de ironias, deboches e palavrões.

Por quê xingar alguém que não concorda com você?
Quão primitivo isso.

Eu os convido e me convido a pensar mais nas hipocrisias de cada um de nós, nas nossas contradições e nas nossas repetições de comportamentos antes de escrever nas redes sociais.

Mark pode ter exagerado, mas que o comportamento dos brasileiros costuma ser "disgusting", isso é mesmo.

***Aguardando alguém vir aqui me xingar, sem ler direito o texto e me chamando de machista e conservadora por causa do tema shortinho, que não é o assunto principal do debate, servindo apenas de motivo para justificar a agressividade das pessoas pela internet. Ou me xingando por eu estar dizendo que concordo em parte com o que Mark pensa sobre nós, brasileiros. Mark pensa em criar um "manual de comportamento" para os brasileiros.
Os mesmos que xingarão Mark pela sua postura grosseira, não deixarão de utilizar o facebook.
Seria o melhor tapa na cara que os brasileiros poderiam dar em Mark, sem xingá-lo, mas já prevejo brasileiro mandando ele ir tomar no **, e continuarem a usar a rede.

Ih! Está finalmente chovendo no Rio.
Bênçãos!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Conheça a ti mesmo

Somos todos artistas.
A forma como nos expressamos é uma arte.
Nos expressamos todos os dias, a todo momento, desde que nascemos. Ainda que não falemos, nossos olhares expressam nossos sentimentos. Portanto, somos artistas.
A arte foi deixada de lado em detrimento da rotina de estudos, da rotina laboral, da rotina que nós mesmos criamos para termos uma certeza de como será o dia seguinte.
Poucos ganham o dinheiro para a vida, vivendo de arte.
Mas o que seria nosso fingimento em dizer que adoramos levantar 6 da manhã para viver rotinas que nem sempre queremos, senão, a arte de saber levar a vida?
Toda profissão exige seu nível de criatividade. Se não a utilizarmos, seremos mortos em cápsulas de carne viva.
A vida exige criatividade. Criatividade para solucionarmos problemas, para lutarmos contra nossos fantasmas, para superarmos nossos obstáculos internos, que nós mesmos criamos. Criatividade para enxergar coisas que não conseguiríamos se não tivéssemos pensado por dias e noites sobre aquilo que nos incomodava.
Consigo ver o valor na simpatia das pessoas. Me falta simpatia pela timidez.
Mas admiro o carisma dos ambulantes que entram no ônibus, dispostos a me convencer a comprar uma barrinha de cereal. Eles são artistas no palco da vida.
São artistas que possuem coragem e simpatia para falar com um público, que muitos de nós, acadêmicos, não temos ao apresentar um trabalhinho pequeno de primeiro período.
São pessoas brilhantes que não desistem, enquanto muitos de nós, estudantes, achamos que não teremos solução.
A escrita é minha melhor maneira de expressão.
Amo pela escrita, odeio pela escrita, construo pela escrita e destruo pela escrita.
Não seria um ato de covardia me esconder atrás de uma folha de papel antes de dizer aquilo que eu realmente estou pensando? Ou seria um ato nobre, de evitar a discussão e estimular a reflexão?
Nenhum ser humano será preparado o suficiente para se erguer nos mais solidificados argumentos numa discussão cheia de emoção. Nenhum ser humano é capaz de julgar o que o outro faz e ainda assim, o julgamos. Pelo menos atrás de uma folha de papel, temos a chance de pensarmos bem antes de cometermos injustiças impensadas com aqueles que amamos.
E assim, a fala se torna arte gravada, e poderá ser lida, relida, refletida, por tantas vezes.
A escrita clareia a mente de labirintite emocional no mar dos sentimentos. O que é um problema interno que precisa ser resolvido e o que é um problema externo que afetou o seu eu interior?
Somos todos seres pensantes, porém muitos ignoram o balanço do mar emocional. Muitos ignoram suas mudanças internas e vivem à superficialidade de um mundo de prazeres momentâneos.
Parar para se conhecer também é uma arte. Dá trabalho.
Se todos tivessem o mesmo estímulo que o mercado nos dá para trabalhar a la "another brick in the wall", para a arte, para a demonstração de sentimentos através da escrita, da música, da pintura, da dança, seja lá o que for, seríamos grandes artistas reconhecidos e todos nos entenderiam melhor. Acredito que seríamos pessoas mais centradas.
O mundo que seres humanos criaram é para fugir dos fantasmas internos, para no ocupar ao máximo do tempo para que não reflitamos sobre nós mesmos e façamos aquilo que é interessante para o mercado.
Fujamos desse mundo doentio e façamos a nossa dança. Vamos produzir, porém conscientes de somos ainda seres dotados de autonomia, dignos de respeito e grandes artistas!
Não nos deixemos abalar pela falta de expressão que nossos companheiros possuem. Cada ser vem dotado de uma carga única de emoções, combinadas ao longo do tempo. Os veja como artistas em sua personalidade. Artistas felizes ou infelizes, calmos ou angustiados...

O título desta postagem vai para a banda de um amigo meu, Maieuttica.
Escolhi o título por pensar que o objetivo deste blog é o autoconhecimento. É explorar a capacidade reflexiva de um ser humano e buscar melhores interpretações para o mundo que a sociedade deixou para nós. Um mundo de incertezas, sobrecargas e ansiedades. Um mundo de prazeres imediatos e de emoções explosivas. Um mundo de desigualdades sociais. Um mundo de superficialidade de fotos numa timeline, onde todos precisam ser obrigatoriamente felizes. Um mundo onde poucos produzem e muitos reproduzem. Mas também, um mundo ainda assim, melhor que o de antes.
Saibamos lidar com os conflitos atuais. Antes eram guerras por pão, hoje são os desafios impostos por nós e sobre nós e as formas como vamos conseguir passar por eles. Cada época possui seus traumas, saibamos ultrapassar os nossos.

Conheça a ti mesmo.

Sejam bem vindos, grandes artistas!